Presidente do Saudi National Bank renuncia após comentários sobre Credit Suisse

O presidente do maior acionista do Credit Suisse, o Saudi National Bank, renunciou menos de duas semanas depois que comentários que fez sobre o credor suíço aceleraram a queda no preço de suas ações.

O banco foi resgatado quatro dias depois, depois que uma crise de confiança entre investidores e clientes o levou à beira da insolvência.

Ammar Al Khudairy renunciou “por motivos pessoais” e será substituído pelo CEO Saeed Mohammad Al Ghamdi, informou o Saudi National Bank em comunicado nesta segunda-feira (27).

Durante entrevista à Bloomberg TV em 15 de março, Al Khudairy descartou aumentar a participação do banco no Credit Suisse.

Tal movimento teria ajudado a fortalecer a confiança no banco sitiado, que enfrentava pressão renovada sobre o preço de suas ações em meio à turbulência no setor provocada pelo colapso do banco americano do Vale do Silício.

Menos de 24 horas depois, o Credit Suisse emprestou US$ 54 bilhões do banco central da Suíça. Mas a linha de emergência foi insuficiente para impedir que os clientes retirassem depósitos a uma taxa de mais de US$ 10 bilhões por dia, levando ao resgate histórico do banco pelo maior rival UBS por meio de um acordo mediado pelo governo.

O Saudi National Bank, que é 37% de propriedade do fundo soberano da Arábia Saudita, adquiriu uma participação de 9,9% no Credit Suisse em outubro por US$ 1,5 bilhão, tornando-se um investidor âncora no plano de recuperação do banco.

Em 17 de março, nem cinco meses depois, o credor suíço havia perdido cerca de 60% de seu valor de mercado, apagando a maior parte do investimento do Saudi National Bank.

Se o banco tivesse aumentado sua participação no Credit Suisse além do nível de 9,9%, estaria sujeito a obrigações regulatórias adicionais.

“Se ultrapassarmos 10%, todas as novas regras entrarão em vigor, seja pelo nosso regulador, pelo regulador suíço ou pelo regulador europeu”, disse Al Khudairy na entrevista à Bloomberg TV.

“Não estamos inclinados a entrar em um novo regime regulatório. Posso citar cinco ou seis outras razões, mas uma delas é que existe um teto de vidro e não vamos pensar em ultrapassá-lo”, acrescentou.