O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu no dia 2 de março no Palácio do Planalto um grupo de militares da reserva de baixa patente e sinalizou a possibilidade de revisar trechos da reforma da previdência militar promovida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O encontro não foi registrado na agenda oficial presidencial.
O grupo também se encontrou com o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta.
Militares contatados pela CNN relataram que, ainda que estejam na reserva, um encontro desse tipo é atípico porque apenas comandantes das Forças Armadas tratam de assuntos militares com o presidente da República.
Autoridades ligadas à área da Defesa disseram à CNN que o gesto incentiva uma quebra de hierarquia.
O objetivo do encontro, articulado por Paulo Pimenta, foi reivindicar uma alteração na reforma previdenciária militar aprovada no governo Bolsonaro e que, segundo o grupo, beneficiou apenas o alto escalão das Forças Armadas e prejudicou oficiais de baixas patentes.
“Nunca na história do Brasil isso aconteceu, nunca houve essa situação. Foi a primeira vez. O presidente conversou com a gente e falou que ia deixar na mão dos assessores para ver o que poderia ser feito. Ele foi bem receptivo”, disse à CNN o sargento Vanderley Carlos Gonçalves, da Associação dos Militares das Forças Armadas do Estado de são Paulo.
“A sinalização do governo foi avaliar e fazer um estudo sobre essa situação. Agora vai ser montada uma comissão, um grupo de estudo, para ver as distorções dessa lei para ver o que pode ser amenizado”, concluiu.
Gonçalves afirmou ainda que, durante o governo Bolsonaro, tentou ser recebido no Planalto, mas não conseguiu. “Durante anos tentamos conversar com Bolsonaro, mas infelizmente ele não quis nos receber”, disse.
Outro que participou do grupo foi o subtenente Gilson Gomes, advogado especializado em direito militar. Ele relata que antes de encontrar Lula, o grupo foi recebido pelo ministro Paulo Pimenta e pelo chefe de gabinete de Lula, Marco Aurelio Santana Ribeito, o Marcola.
“Depois fomos até o gabinete do presidente. Ele foi muito atencioso e acessível com a gente. Eles se sensibilizaram com a nossa demanda. A base das Forças Armadas está com dificuldades. Lula disse que iria determinar que estudos fossem feitos sobre nossa demanda”, declarou.
À CNN, Paulo Pimenta, que registrou em sua agenda oficial a reunião com o grupo, disse ter relação antiga com os chamados praças das Forças Armadas por ser de Santa Maria –base do Comando da 3ª Divisão de Exército, no Rio Grande do Sul.
O município gaúcho tem uma tradição militar antiga e é onde se encontra a segunda maior guarnição do Exército do país.
“Faz muitos anos que esse grupo luta por melhorias nas condições dele. Eu os conheço há muitos anos. Estamos no início de governo. Esse assunto ainda não foi pautado” afirmou.
Procurado, o Ministério da Defesa e o Exército não se pronunciaram.
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