Obras de arte chinesas são digitalizadas e vendidas por menos de US$ 1 após museu taiwanês ser hackeado

Um museu taiwanês que abriga algumas das obras de arte chinesas mais preciosas do mundo confirmou que cerca de 100.000 imagens de alta resolução de pinturas e caligrafias vazaram online – algumas delas à venda em uma plataforma de compras chinesa por menos de US$ 1.

O Museu do Palácio Nacional em Taipei disse na terça-feira (14) que entrou em contato com o Taobao, um site de compras popular na China continental, para evitar que as imagens se espalhem.

“Estamos investigando e contratamos advogados para levantar ao Taobao sobre as propriedades intelectuais e os danos envolvidos”, disse o vice-diretor do museu, Huang Yung-tai.

As digitalizações de alta resolução são uma maneira comum de artistas, galerias e museus monetizarem obras de arte em sua posse, emitindo cópias digitais, sem ter que vender o original, atendendo a um mercado consumidor mais amplo e menos rico.

Segundo o site do museu, cada imagem digitalizada pode custar entre US$ 98 e US$ 850, dependendo da resolução.

Uma pesquisa da CNN encontrou vários vendedores no Taobao anunciando “imagens digitais de alta resolução” do museu, com preços variando de apenas 20 centavos de dólar a US$ 1,50.

A CNN entrou em contato com o Alibaba, o conglomerado chinês dono do Taobao, para comentar.

Em seu comunicado, o Museu do Palácio Nacional disse que identificou o vazamento pela primeira vez em junho do ano passado e iniciou uma investigação sobre o assunto dois meses depois.

O resultado dessa investigação descobriu que um membro da equipe encarregado de reduzir o tamanho dos arquivos das digitalizações transferiu algumas das obras de arte do servidor do museu em uma tentativa de agilizar o processo.

Mas o servidor privado foi hackeado, disse o museu.

“Isso possibilitou que pessoas não relacionadas ao museu buscassem as imagens em parte antes de combiná-las para obter a versão completa”, explicou o museu, acrescentando que o funcionário recebeu um aviso.

É o segundo escândalo que o museu enfrenta em cinco meses.

Em novembro, seu diretor recebeu pedidos para renunciar depois que foi revelado que quebrou três preciosos artefatos das dinastias Ming e Qing, supostamente no valor de US$ 81 milhões no total.

A coleção do Museu do Palácio Nacional é um grande ponto de discórdia entre Taiwan e China.

Muitas de suas peças mais conhecidas foram levadas do continente chinês para Taiwan pelos nacionalistas do Kuomintang quando perderam uma guerra civil para os comunistas de Mao Zedong em 1949.

Grande parte de sua vasta coleção de artefatos já foi guardada no Museu do Palácio na Cidade Proibida de Pequim – tesouros que já sobreviveram a duas guerras.

O Partido Comunista da China, que reivindica a democracia de Taiwan apesar de nunca ter governado, ansiava pela devolução dos artefatos mantidos no museu, bem como muitas antiguidades de valor inestimável que foram saqueadas ao longo das décadas pelas potências coloniais.

Enquanto as tensões entre Taipei e Pequim aumentam, Wu Mi-cha, então diretor do museu, disse à CNN no ano passado que estava treinando sua equipe sobre como evacuar as relíquias mais valiosas da ilha em caso de guerra.