Você sabe a origem e o destino de todas as peças de roupa que você usa? A moda sustentável é a área desse setor que se preocupa em pensar em soluções mais responsáveis social e ambientalmente para todo o ciclo de vida de uma roupa.
A partir daí, a grande produção de resíduos têxteis, os danos à natureza e a exploração de mão de obra barata passam a ser encarados como problemas nessa produção.
Por isso, surge essa filosofia que se baseia em conceitos como slow fashion e eco-friendly.
Mas o que significa uma moda sustentável? Quais são os benefícios da moda sustentável no meio ambiente? E quais são os exemplos dessa prática no dia a dia? Entenda os próximos tópicos.
O que é moda sustentável?
A moda sustentável é um termo usado para descrever uma abordagem que leva em consideração o impacto ambiental, social e econômico da produção de roupas, acessórios e calçados.
Seu objetivo é minimizar o desperdício e a poluição, bem como promover práticas éticas na indústria.
Ao mesmo tempo, a sustentabilidade na moda também defende que ela seja mais durável e atemporal, sem encorajar o consumo excessivo de roupas descartáveis.
A proposta aqui é incentivar uma moda mais consciente e responsável, que valorize a qualidade, a durabilidade e a beleza intemporal das roupas. Como prática, então, ela costuma incluir diversas práticas, por exemplo:
- preferência por materiais reciclados ou orgânicos;
- escolha de processos de fabricação mais eficientes em termos de energia e água;
- adoção de práticas justas de comércio justo para trabalhadores da indústria da moda.
Pessoas que defendem essa ideia costumam procurar consumir empresas e organizações que tenham esses valores dentro do modelo de produção.
Quando surgiu?
Embora não seja um evento de um ano específico, essa ideia não é tão nova: práticas sustentáveis nesse setor remontam desde os anos 60.
Um dos grandes fatores para isso foi o movimento hippie, que defendia o meio ambiente e a comunidade e, como efeito disso, uma moda mais limpa e preocupada com os aspectos ambientais e sociais.
Nos anos 2000, novos movimentos de sustentabilidade na moda começaram a surgir como parte do desenvolvimento da moda sustentável.
Esse debate ganhou mais força a partir dos anos 2010, quando se tornou cada vez mais evidente o impacto negativo da moda rápida e do consumo excessivo de roupas.
Um grande exemplo disso foi o episódio do desabamento da Rana Plaza, em Blangadesh, em 2013. 1.135 pessoas morreram. O prédio operava em condições ilegais e os trabalhadores recebiam baixos salários e não contavam com direitos trabalhistas.
Desde então, tem havido um crescente interesse e conscientização sobre a importância da moda sustentável e do consumo consciente — tanto pelo aspecto do planeta como das pessoas que produzem as roupas.
Como as matérias-primas são escolhidas na moda sustentável?
Na moda sustentável, a escolha das matérias-primas é fundamental para garantir que o impacto ambiental e social da produção de roupas seja minimizado.
A escolha das matérias-primas se baseia em vários critérios, incluindo a sustentabilidade do material em si, a forma como é produzido e a disponibilidade do material.
Por exemplo, as empresas devem optar por fibras biodegradáveis e sem o uso de pesticidas ou outros produtos tóxicos.
Além disso, materiais orgânicos como o algodão, o linho, o cânhamo e a seda, que são cultivados sem o uso de pesticidas e herbicidas prejudiciais ao meio ambiente são opções mais adequadas.
Já o uso de tecidos sintéticos — como poliéster e viscose — necessitam de uma grande quantidade de produtos químicos na confecção. Outras escolhas, em relação à matéria-prima, que também podem fazer sentido nesse tipo de moda são:
- materiais reciclados: o poliéster reciclado, que é feito a partir de garrafas PET recicladas, e o nylon reciclado, que é feito a partir de redes de pesca recicladas, podem ser mais interessantes;
- materiais de baixo impacto: o Tencel, feito partir de madeira de reflorestamento e é altamente biodegradável, e o modal, que é produzido a partir de polpa de madeira certificada e é altamente durável também são alternativas com menos efeitos abrasivos ao meio ambiente.
Quais são os vilões da indústria?
Há muitos vilões da indústria da moda. Entre alguns dos principais, se destaca: desperdício de resíduos têxteis, uso exagerado de recursos hídricos e exploração da mão de obra barata. Entenda melhor a seguir.
Toneladas de resíduos têxteis
As toneladas de resíduos têxteis são um dos principais vilões da indústria da moda. A produção excessiva de roupas e a rápida obsolescência da moda levaram a um aumento significativo na quantidade de resíduos têxteis gerados em todo o mundo.
Roupas velhas, retalhos e peças de couro compõem as mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados por ano no Brasil, segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Esses resíduos têxteis podem levar décadas ou até séculos para se decompor, ou ainda podem ser incinerados, gerando emissões prejudiciais ao meio ambiente.
Uso irresponsável de recursos hídricos
Quando se avalia a indústria têxtil — para além da moda —, o relatório da Ella Macarthur Foundation, “Uma nova economia têxtil: redesenhando o futuro da moda”, revela que são produzidos 93 bilhões de metros cúbicos de água anualmente.
Isso equivale a 37 milhões de piscinas olímpicas.
É por isso que o uso irresponsável de recursos hídricos é também tido como um dos vilões da indústria da moda.
A produção de roupas e tecidos requer grandes quantidades de água, desde o cultivo de fibras de plantas até a lavagem e tingimento de tecidos.
Esse uso excessivo de recursos hídricos pode levar à escassez de água em áreas onde a água já é limitada, especialmente em países em desenvolvimento.
Além disso, o uso de produtos químicos na produção de roupas e tecidos pode contaminar as fontes de água, prejudicando a qualidade da água e a vida aquática.
Exploração de mão de obra barata
A produção de roupas e acessórios, muitas vezes, envolve a contratação de trabalhadores em países em desenvolvimento, onde os salários são baixos e os direitos trabalhistas são limitados.
Esses trabalhadores frequentemente trabalham em condições precárias, incluindo longas horas de trabalho, baixos salários, falta de segurança no trabalho e exposição a produtos químicos perigosos.
Em alguns casos, esses trabalhadores também são submetidos a formas de trabalho forçado, como trabalho infantil e trabalho escravo.
Segundo o Global Slavery Index, de 2018, disponibilizado pela fundação Walk Free, a moda é o segundo setor que mais explora pessoas.
Como efeito, esse processo contribui para a perpetuação do ciclo de pobreza e desigualdade em muitos países em desenvolvimento.
Qual o impacto da moda sustentável no meio ambiente?
A moda e a sustentabilidade dependem de que pessoas, comunidades e ambientes envolvidos no processo sejam cuidados e protegidos. Mas os benefícios da moda sustentável, especificamente no meio ambiente, são:
- menor uso de materiais de origem animal;
- redução da poluição do ar, água e solo;
- diminuição do desperdício no processo de produção;
- menor consumo de água para produzir uma peça;
- redução da emissão de gases poluentes.
Exemplos de moda sustentável
Existem alguns exemplos de práticas sustentáveis que ajudam a compreender melhor como a moda e sustentabilidade funcionam. Veja a seguir.
Moda ecológica
A moda ecológica, ou eco-friendly, se concentra em minimizar o impacto ambiental da produção e consumo de roupas e acessórios.
Isso inclui a utilização de matérias-primas ecologicamente corretas, como fibras naturais e recicladas, e a adoção de processos de produção ecológicos, como o uso de corantes naturais e processos de produção de baixo impacto ambiental.
Enquanto a moda ecológica se concentra principalmente em minimizar o impacto ambiental, a moda sustentável busca criar um sistema de moda que seja sustentável em todas as suas dimensões, incluindo o ambiental, econômico e social.
Moda vegana
A moda vegana é um tipo de moda que se concentra em utilizar materiais que não derivam de animais em suas roupas e acessórios. Isso significa que a moda vegana evita o uso de couro, pele, seda, lã e outros materiais derivados de animais.
Matérias-primas derivadas de animais, muitas vezes, são obtidas por meio de práticas cruéis e antiéticas, como o abate de animais para a produção de couro ou o uso de seda de casulos de bicho-da-seda.
Logo, ela não se concentra apenas nos materiais utilizados nas roupas e acessórios, mas também inclui a escolha de fornecedores que adotam práticas éticas e sustentáveis em todas as etapas da produção, desde a colheita de matérias-primas até a distribuição e venda.
Slow fashion
Para entender o que é slow fashion, é preciso compreender o que é fast fashion. A “moda rápida” consiste em rápida produção e consumo de roupas sustentáveis de baixo custo.
Isso envolve o uso de mão-de-obra barata, materiais de baixa qualidade e técnicas de produção em massa, a fim de produzir rapidamente um elevado volume de vestuário a baixo custo.
Por outro lado, a “moda devagar” ou slow fashion é uma alternativa sustentável à moda rápida.
Prioriza materiais de alta qualidade, além de processos de produção sustentáveis que respeitem o ambiente e os direitos dos trabalhadores.
Envolve também a produção de menos peças a um custo mais elevado e incentiva as pessoas a comprar só o que necessitam e a prolongar o ciclo de vida das peças de vestuário, por meio do brechó, por exemplo.
Dúvidas frequentes
Qual o conceito de moda sustentável?
A moda sustentável é um conceito que procura criar um sistema de moda sustentável em todas as suas dimensões, desde a proteção ambiental até à inclusão econômica e social.
Envolve a utilização de materiais e roupas sustentáveis, processos de produção responsáveis, e fornecedores éticos.
Quais são os tipos de moda sustentável?
Alguns exemplos em que moda e sustentabilidade andam juntos são a ecológica, a vegana e a slow fashion, também conhecida como “moda devagar”.
Como tornar a moda sustentável?
A partir de práticas sustentáveis, como:
- escolha de materiais ecológicos, tais como fibras naturais e recicladas;
- adoção de processos de produção responsáveis, tais como a utilização de corantes naturais;
- preferência por fornecedores éticos que adotem práticas conscientes em todas as fases da produção, desde a colheita responsável até a venda de roupas sustentáveis.
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