Empreendedorismo feminino cresce 30% em 12 meses

Ter mulheres na liderança é um dos principais desafios da atualidade.
Ter mulheres na liderança é um dos principais desafios da atualidade. (Divulgação)

BRASSÍLIA – A participação de mulheres empreendedoras no Brasil cresceu 30% entre os anos de 2021 e 2022. Apesar do número positivo, as empresas lideradas por mulheres são menores – 87% delas continuam atuando sozinhas em seus empreendimentos. Os dados são do estudo realizado pelo Sebrae a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

Segundo a coordenadora Nacional de Empreendedorismo Feminino do Sebrae, Renata Malheiros, tradicionalmente o número de microempreendedores individuais ou mulheres que empreendem por conta própria é grande porque as mulheres são sobrecarregadas com relação aos cuidados com a família e os trabalhos domésticos. O levantamento aponta ainda que ao longo de quatro trimestres consecutivos a proporção de mulheres que geram pelo menos um emprego aumentou de forma expressiva, enquanto o percentual de homens empregadores cresceu apenas 8%. O Brasil tem 1,3 milhão de mulheres empregadoras em um universo de 10,3 milhões de donas de negócios, segundo a pesquisa.

“O crescimento do número de mulheres empregadoras traduz a força do empreendedorismo feminino. A gente vem de um contexto de crise econômica, e precisamos dizer que, sim, estamos avançando, que é importante que se empregue mais funcionários, porque isso gera mais rendimento para as pessoas, porém, ainda existem obstáculos importantes para as mulheres empreendedoras. Então aqui a gente precisa falar de divisão de tarefas, precisa falar de creches, para que as mulheres possam de fato se dedicar com todo o seu potencial aos negócios”, ressalta.

Dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) apontam que apesar de a maioria das mulheres empreendedoras trabalharem sozinhas, quando empregam, tendem a contratar mais mulheres. Sendo que, entre as que empregam ao menos um funcionário, 44% têm um quadro totalmente feminino e 28% contam com uma equipe majoritariamente feminina.

Mulheres em posição de liderança

Ter mulheres na liderança é um dos principais desafios da atualidade e as empresas ainda têm um longo caminho a percorrer. Embora representem cerca de metade da população, as mulheres ocupam apenas 37,4% dos cargos corporativos de liderança. Os dados são da pesquisa “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada pelo IBGE.

Após uma carreira dedicada a desenvolver negócios para empresas multinacionais, a economista Deise Nicoletto sentiu a necessidade de aplicar a sua experiência para um nicho que gerasse, ao mesmo tempo, sustentabilidade financeira e resolvesse um problema social. Hoje, como CEO e diretora executiva do Impact Hub Brasília, a empresária destaca que a liderança feminina é essencial para estabelecer a igualdade de gênero dentro de uma empresa e, assim, contribuir para a igualdade na sociedade.

“É importante ter mulheres em cargos de liderança para a gente trazer igualdade no meio que a gente está envolvido, que todo mundo pode ocupar cargos da mesma forma, independente de gênero. Trazer o equilíbrio da sensibilidade e do olhar ecossistêmico da mulher. Porque o homem é muito mais racional e a mulher tem essa coisa mais do sistema de entender, envolver. Então esse equilíbrio é muito importante”, explica.

Com o objetivo de fomentar o empreendedorismo feminino, o Congresso Nacional tem trabalhado em projetos de incentivo ao empreendedorismo feminino, voltados a promover o acesso facilitado de mulheres a linhas de crédito, educação financeira, assistência técnica e sistemas diferenciados de garantia. Para a senadora Soraya Thronicke (União-MS), é preciso facilitar cada vez mais abertura do mercado e o empreendedorismo feminino.

“Não é simples para nenhum brasileiro acessar crédito para empreender. Infelizmente, com as mulheres é pior ainda, nós precisamos, sim, voltar nossos olhares para as mulheres, principalmente porque hoje a gente sabe que a maioria dos lares brasileiros tem como arrimo de família uma mulher. Mas muitas não encontram esse campo fácil para poder empreender. Nós precisamos facilitar a vida delas porque a mulher, quando tem as condições, ela prospera”, diz.

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