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Assistente social para quem tem animal de estimação? Sim, esse serviço existe

“Falar em direito dos animais é falar em direito dos tutores”, afirma especialista

Cerca de 160 mil profissionais. Esse é o quantitativo de homens e mulheres que atuam na área do Serviço Social no Brasil. Os dados são do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). A demanda vai desde o desempenho na elaboração de políticas públicas até a execução de planos que atendam àqueles que mais precisam. O que você talvez não saiba é que o trabalho desses profissionais passa também pelo atendimento aos tutores de animais que dão entrada em hospitais veterinários.

Esse tipo de serviço já é uma realidade comum em outros estados brasileiros, como conta a professora e coordenadora do curso de Serviço Social do Centro Universitário Estácio São Luís, Emanuelle dos Santos. Ela explica que os profissionais que se encaminham para essa área trabalham com o olhar voltado para o tutor do animal que, na maioria dos casos, por conta da falta de recursos, busca um hospital veterinário público, na esperança de oferecer, aos animais, o melhor tratamento possível dentro de suas possibilidades econômicas.

“O dono vai em busca de atendimento e, às vezes, o animal que está sob seus cuidados chega em estado grave, com a saúde bastante debilitada. Nem sempre esse animal teve acesso a uma assistência prévia adequada, o que inclui cuidados como a vacinação, por exemplo. Neste momento, se não houve um amparo anterior, é necessário realizar um cadastramento, a chamada triagem, em que é feito o acompanhamento socioeconômico do tutor. Esse trabalho é feito por um profissional do Serviço Social”, explica a professora.

Ainda segundo Emanuelle, ao fazer essa triagem, é possível perceber algumas questões sociais e problemas de saúde pública, como o abandono de animais. “Quando o bichinho adoece, normalmente, o tutor abandona o animal. Nem sempre isso é por maldade. Em muitos casos, é por falta de condições financeiras para custear o tratamento. Embora a sociedade costume julgar que o tutor que abandonou é um indivíduo mau, é importante analisar a situação e ver que muitos donos vivem abaixo da linha da pobreza. Então, quando surge esse gasto extra, a prioridade é a alimentação para a sobrevivência daquela pessoa. O profissional de assistência social atua entendendo e aconselhando as famílias nessa realidade”, pontua.

Emanuelle destaca, ainda que, por se tratar de um problema de saúde pública, o abandono dos animais e as políticas para este setor também podem ser debatidas pelos profissionais da área de serviço social. “Falar em direito dos animais é falar em direito dos tutores também. Temos um problema em cadeia que precisamos tratar a raiz”,

A professora ressalta, ainda que, no Brasil, as políticas públicas voltadas para a saúde animal são bastante escassas. Ela lembrou que não existe no país um “SUS animal”, por exemplo. “Se eu passar mal e não tiver um plano de saúde, eu posso me dirigir ao SUS e ser atendida, mas se meu animal de estimação passa mal e eu não posso levá-lo a uma clínica, eu não tenho um hospital gratuito para que ele tenha assistência médica”, diz.

Embora a atuação de profissionais da área do Serviço Social na saúde animal não seja, ainda, uma realidade no Maranhão, Emanuelle vê como sendo algo promissor. “Eu enxergo essa área como promissora. Apesar de termos uma certa escassez de leis pela garantia dos direitos dos animais, a gente percebe que há um movimento da sociedade civil organizada, com uma perspectiva de que esse espaço de trabalho seja ampliado”, finaliza.