O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, encaminhou, nesta segunda-feira (20), ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma notícia-crime contra dois senadores e cinco deputados federais por tê-lo acusado de envolvimento com o crime organizado. O pedido foi feito no âmbito do inquérito que apura a disseminação de fake news.
Logo após a visita, começaram a circular na internet críticas ao fato de Dino ter ido ao local acompanhado de poucos seguranças, com acusações de que isso significava a conivência com bandidos que atuam no local.
Publicações com esse teor foram feitas pelos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos do Val (Podemos-ES), e pelos deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Paulo Bilynskyj (PL-SP), Otoni de Paula (MDB-RJ) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
“O ministro Flávio Dino poderia compartilhar com nossos Policiais do Rio qual a mágica para entrar num local, com presença de traficantes armados com fuzis, sem ser recebido a tiros!” postou o senador Flávio Bolsonaro.
“Porque o Dino entra em qualquer favela lá no Rio de Janeiro cheia de narcotraficante sem escolta, sem polícia, sem nada. Acho que vale a pena o investimento”, escreveu Paulo Bilynskyj.
Na denúncia apresentada ao STF, o ministro da Justiça alega que as postagens foram feitas com “maldosa intenção de ferir a honra, bem como praticar racismo, discriminar e colocar à margem camadas menos abastadas da sociedade, retirando-lhes, inclusive, o direito de serem ouvidas pelo poder público”.
Ainda de acordo com o documento, “verifica-se a multiplicação organizada e sistemática de um grupo visando propagar, pelo menos, duas fake news: 1) a de que o Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública se reuniu com traficantes ou chefes de organizações criminosas; e 2) a de que o Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública estava sem escolta policial, o que é absolutamente mentiroso”.
À CNN o deputado Cabo Gilberto Silva classificou a denúncia como perseguição. “Querem tirar o foco do que realmente importa. Será arquivada. E vamos manter a convocação do ministro na Comissão de Segurança Pública para explicar essa visita [ao Complexo da Maré] e outras questões”, disse.
O deputado Carlos Jordy também rebateu. “Nós parlamentares somos resguardados pela imunidade material, a tribuna é sagrada. O único que pode nos julgar por possíveis quebras de decoro no exercício da função parlamentar é o Conselho de Ética”.
A CNN entrou em contato com as assessorias dos outros parlamentares citados por Dino e aguarda manifestação.