PF: milícia digital trabalhava para descredibilizar urnas eletrônicas

Polícia Federal diz que organização criminosa usava milícia digital para propagar a narrativa falsa de vulnerabilidades e fraudes no sistema eletrônico de votação brasileiro.

O inquérito completo foi tornado público pelo ministro Alexandre de Moraes nesta terça-feira, quando encaminhou a denúncia para a Procurador Geral da República.

A investigação aponta que produtores de dados falsos sobre as eleições difundiram “em alto volume, por multicanais, de forma rápida e repetitiva” a ideia de que as eleições de 2018 e de 2022 foram fraudadas para prejudicar unicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os suspeitos utilizavam pessoas com posição de autoridade para dar uma falsa credibilidade às narrativas propagadas. Segundo a PF, a repetição maçante dessas informações falsas levaria a uma aceitação do público apoiador do ex-presidente.

O inquérito aponta que a disseminação de informações falsas foi usada para concretizar o plano de golpe de Estado no país.

A investigação aponta diversos discursos públicos do ex-presidente Bolsonaro para descredibilizar as urnas eletrônicas e o TSE. E que militares se associaram ao grupo para potencializar os ataques ao sistema de votação.

O ex-ministro do GSI e general Augusto Heleno é citado por atuação destacada no planejamento de medidas para descredibilizar o processo eleitoral brasileiro.

Entre as provas, está uma agenda em que o general teria anotado, de próprio punho, as medidas necessárias, inclusive com uso da Empresa Brasil de Comunicação, a EBC, empresa pública responsável pela Rádio Nacional.

A PF ainda afirma que as provas evidenciaram a cooptação e adesão de servidores da ABIN no uso e disseminação clandestina dessas informações falsas, com ação direta do então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, no planejamento destas ações, inclusive abastecendo o ex-presidente de informações falsas.

Ramagem inclusive atuou para divulgar informações falsas contra os ministros do STF Luis Roberto Barroso e Luiz Fux.

O major Angelo Martins Denicoli, que inclusive foi indiciado pela PF, atuou com o argentino Fernando Cerimedo, na divulgação de um suposto estudo sobre as urnas.

A defesa de Augusto Heleno e Ramagem não se manifestaram. Não foi localizada a defesa do major Denicoli. Bolsonaro, nessa segunda-feira, negou que discutiu um golpe de Estado.