Exército impediu desmonte de acampamento golpista, diz ex-secretário

O Exército impediu o desmonte do acampamento golpista no dia 29 de dezembro e disse que faria a retirada por conta própria. Foi o que disse o ex-secretário de Segurança Público do Distrito Federal, o delegado federal Júlio Souza Danilo, durante depoimento, nesta quinta-feira (23), na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Naquele dia, o governo do Distrito Federal havia montado uma grande operação, com policiais e o DF Legal. No entanto, a ação foi cancelada.

“Porque pediram para que a gente não utilizasse essa estrutura para poder realmente tirar, e que dali, o próprio Exército, por ser na área militar, por meios próprios  – e aí já fazendo o próprio ajuste com aquele público que estava lá -, ia providenciar o desmonte do acampamento. A gente teve que recuar. Mais uma vez, eu disse ao senhor, qualquer tipo de atuação dentro daquela área militar, por ser área militar, nós tínhamos que atuar sempre em coordenação com eles”.

O ex-secretário disse que fez várias reuniões com o Comando Militar do Planalto. Os pedidos que recebeu foram apenas para combater o comércio ilegal, fazer a limpeza da área e organizar o trânsito. A segurança só era feita no entorno, porque, dentro da área militar, a responsabilidade era do Exército.

Sobre a tentativa de invasão ao prédio da Polícia Federal, no dia 12 de dezembro, Júlio Danilo disse que a maior parte dos vândalos estava no acampamento e era de fora de Brasília.

O ex-secretário comandou a segurança pública do DF até a posse do presidente Lula. Ele foi substituído pelo ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, Anderson Torres.

A CPI ainda aprovou um convite para ouvir o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. Ele chefiava o Comando Militar do Planalto na época dos ataques.