Nesta quarta-feira, em que é celebrado o Dia de Zumbi e da Consciência Negra, pela primeira vez a data integra o calendário de feriados nacionais. Além da luta e da resistência do povo negro, o feriado é um motivo a mais para a reflexão sobre o acesso a direitos, combate ao racismo e valorização dos saberes que formam a cultura nacional.
Várias capitais como Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo contaram com agenda especial para marcar a data.
Na maior cidade do país, a 21ª Marcha da Consciência Negra reuniu em São Paulo cerca de cinco mil pessoas, segundo a organização do ato, que seguiram em caminhada da avenida Paulista até o centro da cidade.
Com o tema ‘Palmares de pé, racismo no chão’, a pauta de luta da marcha negra é por um Brasil sem racismo e por reparação histórica. Um dos fundadores do Movimento Negro Unificado, José Adão Oliveira, de 69 anos, participa da marcha negra na capital paulista desde a primeira edição, em 2003.
José Adão faz parte do conselho de griôs, ou seja, dos mais velhos, do movimento negro. Para ele, as políticas raciais afirmativas conquistadas até agora no país incluem as cotas nas universidades, no serviço público e as comissões de heteroidentificação.
No meio da multidão, eu conheci a assistente social Cláudia Adão, de 43 anos, moradora da zona leste da capital paulista. Ela contou que começou a frequentar a marcha ainda na adolescência levada pelos pais, que vendiam acarajé na avenida Paulista.
Hoje, foi a vez dela levar a filha, Teresa, de quatro anos, pela primeira vez para celebrar a conquista do feriado nacional e ensinar a filha que a luta por direitos da população negra se faz de maneira familiar e também coletiva.
Este ano também foi a primeira vez na vida que a estudante Raphaela Valença, de 13 anos, esteve na Marcha da Consciência Negra. Para a jovem, participar é um caminho de aprendizado para o letramento racial e pelos direitos do povo negro no Brasil.
O Dia da Consciência Negra foi idealizado em 1971, pela mobilização de um grupo de jovens estudantes negros do Rio Grande do Sul, o Grupo Palmares.
Em 2003, o presidente Lula sancionou uma lei federal que transformou o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra. Vinte e um anos depois, a data se torna feriado nacional. A capital paulista celebra o dia como feriado municipal desde 2004.