BRASÍLIA – A caderneta de vacinação é uma importante aliada do Ministério da Saúde e dos pais na prevenção de uma série de doenças, entre elas a hepatite B. Nos últimos anos, contudo, o Brasil não tem conseguido cumprir a meta de imunizar 95% das crianças menores de um ano contra a doença. Em 2022, segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, 80,03% das crianças de até 30 dias tomaram a primeira dose da vacina, registrando-se aumento em relação ao ano anterior, visto que em 2021 apenas 67,02% deste público foi imunizado.
Assim como alguns outros imunizantes, o da Hepatite B depende de um ciclo vacinal composto por três doses que são aplicadas no primeiro ano de vida. Por ser uma doença que acomete o fígado, não tem cura e pode provocar sérias consequências, é essencial que as famílias se organizem para concluir o ciclo de vacinação, garantindo assim a imunização e protegendo os pequenos da doença.
A pesquisadora e coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini, explica sobre a dinâmica da vacina multidose. “A primeira dose é basicamente ao nascer, junto com a BCG, nos primeiros dias de vida, e depois você toma mais duas doses com menos de um ano. Porém é muito comum a cobertura dessa primeira dose é até bem alta, só que depois a gente tem uma dificuldade em fechar esse ciclo, em completar essas três doses”.
A especialista também enumera a importância das cidades adotarem estratégias para aumentar a cobertura vacinal. “Tem municípios que já estão deixando o posto [de saúde] aberto por mais tempo, ou mais tarde, ou abrindo aos sábados, que a gente sabe que isso também é questão importante, de ter mais tempo para poder levar, os pais trabalham e muitas vezes não conseguem chegar a tempo para vacinar seus filhos”, explicou.
Uma vez que a vacinação é um método coletivo de prevenção, o cumprimento da meta é essencial para a prevenção da doença em todo o território nacional, como explica Boccolini: “Ou seja, nacionalmente a gente tem esse dado, que é bem abaixo dos 95%, só que a gente tem disparidades.
Ela explica ainda que há municípios onde essa cobertura não chegou nem a 20%. “E a gente sabe que a vacina é uma proteção coletiva, então de muito pouco vai adiantar uma cidade como o Rio de Janeiro ter atingido a meta, porém todas as cidades da região metropolitana não, porque as pessoas circulam. Então é importante a gente atacar essa heterogeneidade. Ou seja, ter uma cobertura mais homogênea, aumentar a cobertura vacinal como um todo”.
Mãe de duas crianças, a empreendedora Lorena Dutra, de 31 anos, adota várias estratégias para não falhar com as vacinas dos filhos. “Sobre o caderno de vacinação, dos meus dois filhos, eu sempre me preocupei muito em deixar em dia, então eu colocava o celular pra despertar no dia que estava marcado, eu sempre olhava no cartão quais eram as datas das próximas vacinas, porque eu acho muito importante a vacinação em dia, então eu tinha essa preocupação como mãe”.
Ainda sobre as cadernetas de vacinação, a pesquisadora e coordenadora do Observatório da Infância fala das vantagens do sistema adotado no país. “Nosso calendário vacinal é muito rico, protege contra várias doenças, e doenças que podem gerar sequelas e gerar óbitos nas crianças, e são vacinas que estão disponíveis no SUS de forma gratuita”
Ela adverte que é preciso que as pessoas fiquem atentas ao calendário dessas vacinas “que são um pouquinho mais complexas no sentido de ter duas ou três doses. Lembra ainda que “é importante a gente fechar o ciclo para de fato estar protegido contra aquela doença específica”.
Para outras informações sobre imunização e Hepatite B procure o Posto de Saúde mais perto de você e oriente-se com os profissionais de saúde.
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